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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O velho, o menino e a felicidade

As duas figuras parecem completar a natureza exuberante do local, avô e neto parecem um só dado a harmonia do diálogo. São amigos e não apenas ligados por laços sanguíneos. São mais do que avô e neto, na verdade, são mestre e aprendiz.

- Vovô, como posso alcançar a felicidade?

Após a pergunta do neto, o senhor sentou-se em um banco para aliviar o cansaço das pernas, afinal, sua idade lhe permitia um pequeno descanso antes de prosseguir a jornada.

- Eis uma pergunta difícil de ser respondida - respondeu olhando para os olhos do pequenino - A felicidade é algo individual, ou seja, cada pessoa sabe o que lhe faz feliz, o que torna um momento feliz. Felicidade não é uma receita pronta como aquela ótima sopa de legumes que sua mãe faz.

- Adoro a sopa de legumes da mamãe. - diz o menino com os olhos brilhando.

- Pois saborear a sopa de legumes pode ser um desses pequenos momentos que você se sente feliz. A felicidade esta ai, nas pequenas coisas da vida.

- Então, vovô, felicidade é comer?

O velho coçou a cabeça do menino rindo da ingenuidade do questionamento e continuou:

- Segundo Sócrates, que foi um filosofo grego do qual você ouvirá falar bastante durante os seus estudos escolares, a felicidade não se relaciona apenas aos desejos e necessidades do corpo, pois o homem não é só corpo, ele também é alma, assim a felicidade plena só é alcançada com o bem da alma. O bem da alma só acontece por meio de uma conduta virtuosa e justa.
Segundo Platão, outro filosofo grego e discípulo de Sócrates, essa era a função da alma humana, ser virtuosa e justa. Platão acreditava que cada coisa tem a sua função, assim como o olho tem a função de ver, o ouvido tem a função de ouvir, a alma tem a função da virtude e da justiça.

- Tá, mas como saber se estou no caminho da virtude e da justiça?

- Antes de mais nada, é importante você saber que virtude e justiça integram uma vertente do pensamento filosófico chamado de ética, sobre a qual já conversamos.

- Sim, claro, então eu preciso ser humilde, preciso respeitar a todos da mesma forma para que minha alma tenha virtude e justiça e assim serei feliz. - conclui satisfeito o menino.

- Pode ser mais amplo, mas é basicamente isso, vejo que prestou atenção no que eu disse, mas você tem algo mais que Platão e Sócrates.

- O que vovô?

- A sopa de legumes de sua mãe, afinal, se o importante é a felicidade da alma, a felicidade do corpo também deve ser considerada.

Ambos sorriram, se levantaram e continuaram a caminhada pelo magnifico cenário que a natureza lhes proporcionava.

Cláudio Albano