Capas


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Descobrir o ser - Uma luta consigo mesmo

      O dia amanheceu chuvoso, depois de uma noite de tempestades com ventos fortes, queda de árvores e galhos na praça ao lado de sua casa. Não era uma casa grande ou luxuosa, mas era aconchegante, quente no inferno e fresca no verão. Gostava de sentar na varanda para ler um livro ou simplesmente apreciar a vista da cidade. Como a casa se localizava em um bairro alto podia visualizar toda a cidade apenas com um giro de cabeça.

       Da Igreja Matriz até a saída para o balneário visualizava o verde da arborização urbana, os telhados das casas baixas e os edifícios que ao longo dos anos foram fazendo parte da paisagem que ele considerava parte de si mesmo. A noite a iluminação tomava conta e até mesmo em tempos de chuvas e tempestades como a da noite anterior, era possível imaginar as estrelas. A cidade das noites estreladas e do mais lindo por do sol, assim a considera.

           Naquela manhã pós apocalíptica de outubro, onde o caminho para o trabalho estava uma mistura de concreto do asfalto com  folhas de árvores e galhos nas calçadas, ele andava devagar, pensativo em como buscar uma solução para uma guerra que travou consigo mesmo. - Como me conhecer como sugeriu há tantos séculos o filosofo Sócrates? -. "Nosce te ipsum". Conhece-te a ti mesmo. Mal sabia que a partir daquela manhã de chuva começaria uma aventura que o marcaria e lhe mudaria pelo resto de sua vida.

          Naquela manhã ele começou travar a batalha da alma, a batalha com o seu eu e com sua historia. Era hora de se conhecer, de se libertar, de ser alguém melhor do que era, hora de ser ele mesmo, hora de descobrir e de chorar os seus mais temidos medos e defeitos, hora de se alegrar com sua caridade e bondade.  Era o momento de equilibrar. O mundo será outro quando a batalha terminar. Pelo menos para ele será.

       Nunca imaginou que na sua mente algo tão inquietante o atormentava, ele queria respostas, mas para obter as respostas teria que ter as perguntas certas e depois disso aceitar a resposta que lhe será dada, seja ela dolorida ou suave. Precisava passar pelo momento em que o iluminaria para conhecer e valorizar o milagre da vida nos seres mais insignificantes do planeta.

VIDA, era isso que ele procurava.

          Como em um gráfico a Vida esta no topo e interliga logo abaixo, a paz e a felicidade, que por sua vez, interligam com infinitas formas, buscar a perfeição em todas essas formas era crucial para vencer a batalha. Mas como?

         Não, ele não sabia como, mas tinha a certeza que descobriria, só não sabia que para isso sofreria tanto, choraria lágrimas de sangue e se auto mutilaria em seus pensamentos.  A Batalha começou e ninguém poderá disser se chegara ao final vencedor ou derrotado.

Cláudio Albano