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sábado, 16 de julho de 2016

PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO, AS NOVAS TECONOLOGIAS E SEUS REFLEXOS NA COMUNICAÇÃO DE MASSAS.


Trabalho para o curso de licenciatura em Sociologia UNIP - Aluno Cláudio Albano 



                          Introdução
A sociologia surgiu de um desejo de entender e sugerir formas de melhorar a sociedade moderna que nasceu do iluminismo, em especial os efeitos da industrialização, da racionalização e do capitalismo. Mas, conforme a disciplina da sociologia se tornou cada vez mais reconhecida no final do século xx, ficou claro que existia uma outra força guiando a mudança social: a globalização.

Desenvolvimento
Enquanto algumas pessoas acham que o mundo entrou numa era pós-moderna e pós-industrial, outras veem a globalização como uma simples continuação do processo de modernidade. Zygmunt Bauman, por exemplo, argumenta que aquilo que começou com a industrialização agora entrou numa era mais madura, “uma modernidade tardia’, conforme a tecnologia foi se tornando cada vez mais sofisticada. A natureza do progresso tecnológico implica que esse estágio seja caracterizado por uma ‘modernidade liquida’.

Talvez o efeito social mais perceptível desses avanços tecnológicos tenha sido a melhora nas comunicações. Dos telefones à internet, o mundo se tornou cada vez mais interconectado, e as redes sociais agora transcendem as barreiras nacionais. A tecnologia da informação não apenas acelerou as transações comerciais, tornando-as mais fáceis do que nunca, como também conectou indivíduos e comunidades que antes estavam isolados.
Manuel Castells foi um dos primeiros a identificar os efeitos sociais dessa sociedade em rede, enquanto Roland Robertson argumentava que, em vez de ter um efeito homogeneizador (ao criar um modelo universal de sociedade), a globalização estava, de fato, se fundindo com as culturas locais para produzir novos sistemas sociais.

Outro aspecto da modernidade tardia é a facilidade com que as pessoas agora viajam pelo mundo. Assim como a migração do campo para as cidades depois da industrialização criou novas estruturas sociais, a crescente mobilidade no final do século xx mudou padrões sociais. A migração econômica tornou-se cada vez mais comum conforme as pessoas se mudam não apenas em direção às novas cidades globais, mas internacionalmente em busca de trabalho e prosperidade. Como Arjun Appadurai e outros chamaram a atenção, isso levou a mudanças culturais, incluindo um questionamento sobre como se formas as novas identidades.

Um mundo em rede

A era da informação é definida pela criação e disseminação de vários conhecimentos especializados, como as flutuações dos preços internacionais do petróleo, dos mercados financeiros etc. Nas sociedades capitalistas avançadas, redes de capital financeiro e de informação estão no cerne da produtividade e da competitividade.

A mudança da produção de bens e serviços para a informação e o conhecimento tem alterado profundamente a natureza da sociedade e das relações sociais.

Castells alega que o modo dominante de organizar relações interpessoais, instituições e sociedade inteiras são as redes. Além disso, a natureza maleável e aberta dessas redes faz com que se espalhem por todo o globo.

Quando sociólogos clássicos como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber usam o termo “sociedade”, eles se referem primordialmente aquela de um determinado estado-nação. Assim, por exemplo, é possível falarmos da sociedade americana como algo distinto da, digamos, britânica, apesar dos pontos em que são similares. Mas, na obra de Castells, o estado-nação tornou-se o mundo e tudo nele. Já não existe o mundo de estados-nações relativamente autônomos, com suas próprias sociedades estruturadas para dentro – ele foi reimaginado como uma infinidade de redes que se intersectam e se sobrepõem.

A ideia de um mundo plenamente conectado, ligado pela internet, evoca imagens de pessoas em todos os cantos do planeta se envolvendo produtivamente em diferentes tipos de relações umas com as outras em redes em constante mudança – não mais restritas pela geografia ou pela naturalidade, mas pela capacidade da imaginação humana. Hoje é possível acessar informação 24 horas por dia através de ferramentas de busca como o Google, e entrar em chats com pessoas que estão a milhares de quilômetros de distância numa comunicação instantânea.

Castells elabora o conceito de redes de diversos modos. A redes baseadas em microeletrônicos definem a sociedade em rede e substituem a burocracia como a principal forma de organização das relações sociais, porque elas são muito melhores em lidar com a complexidade. Assim como as redes microeletrônicas incluem redes políticas e interpessoais. O “estado em rede” inclui instituições políticas transnacionais, como a União Europeia, enquanto vários exemplos de redes interpessoais são criados através de internet, e-mail e sites de redes sociais, como o Facebook e o twitter.

Castells diz que uma rede pode ser definida assim: ela não tem um “centro”, é feita de uma série de “nódulos” de importâncias vairadas, mas todos são necessários para que a rede possa operar; o grau de poder social peculiar a uma rede é relativo, dependendo de quanta informação ela é capaz de processar; uma rede só lida com um certo tipo de informação – a saber, o tipo de informação que lhe é relevante; e uma rede é uma estrutura aberta, capaz de se expandir e de se comprimir sem limites.

Castells enfatiza os altos níveis de adaptabilidade característicos de uma sociedade em rede. O importante aqui é que uma ordem social organizada em redes e ao redor delas pode alegar ser altamente dinâmica, inovadora e voltada a mudanças sociais constantes e aceleradas. Castells descreve as relações sociais em rede como “uma forma de atividade humana dinâmica e em autoexpansão”, que tende a transformar todas as esferas da vida social e econômica.

                                     Considerações Finais.
Independentemente de a sociedade em rede ser uma novidade ou ser benéfica, não há dúvida de que o mundo está cada vez mais interconectado e dependente das tecnologias digitais, que estão mudando as relações sociais. Para Castells, a ascensão da sociedade global atada por uma miríade de redes é, em última instância, algo positivo. Capacitar pessoas de lugares longínquos a interagir oferece o potencial para a humanidade usar recursos produtivos coletivos para criar uma nova ordem mundial iluminada. Ele argumenta que, se “estivermos informados, ativos e nos comunicarmos pelo mundo afora”, “poderemos nos afastar da exploração do eu interior, fazendo as pazes com nós mesmos”.

                               BIBLIOGRAFIA:
BAUMAN, Z. Ética pós–moderna. São Paulo: Paulus, 1997.
________. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
________. Amor líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
BECK, U. A reinvenção da política: rumo a uma teoria da modernização reflexiva. In: GIDDENS, A.; BECK, U.; LASH, S. (Orgs.). Modernização reflexiva. São Paulo: Unesp, 1997.
GIDDENS, A. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
Castells, Manuel. A sociedade em rede, vol 1.- São Paulo: Paz e Terra, 1999.
______________. O Poder da Identidade. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Vol.2.São Paulo: Paz e Terra, 1999.

APPADURAI, Arjun. Modernity at Large. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1997.

ROBERTSON, Roland. Identidade Nacional e Globalização: Falácias Contemporâneas. In BARROSO, João Rodrigues (org.) Globalização e Identidade Nacional. São Paulo: Atlas, 1999.
RIESMAN, D. A multidão solitária. São Paulo: Perspectiva, 1971.

O livro da sociologia. Tradução Rafael Longo – 1ªed. – São Paulo: Globo Livros, 2015