Capas


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Boca de Litro e a Bicicleta


11 horas da noite, o dono do bar cansado, louco pra fechar, foi tocando o pobre Boca de Litro pra fora.
-Vamos homem, já bebeu demais hoje. Amanhã você volta.
O Boca de litro sendo puxado pelo braço ainda tentou partir para o emocional do dono do estabelecimento para ver se tomava a saideira:
-O Zé, só mais uma, vai... E que meu amigo Chiquinho morreu!
-O Chiquinho... Aquele que bebia sempre aqui contigo? -disse assustado o comerciante.
-Ele mesmo. Morreu afogado.
-Afogado? Coitado! -se compadeceu o Zé.
Para manter o assunto e na tentativa de estica a noite o Boca de Litro emendou:
-Para o Senhor ver, passou a vida bebendo cachaça e morreu bebendo água.
Foi a última, o bolicheiro jogou o Boca de Litro pra fora do bar.

Sem o que fazer, com os bares ao lado todos fechados, o nosso herói pegou sua bicicleta para ir embora.
Não basta beber, tem que estar de bicicleta.
A pedalante do Boca de Litro era forte, dessas de marcha, subiu no meio de transporte, alinhou morro abaixo rumo a sua casa e pedalando forte se foi. Sabia que era perigoso pedalar na descida, mas para não cair ele tinha que pedalar muito. "A velocidade dá equilíbrio." pensava ele!

Pois bem, veja que de baixo pra cima vinha um ciclista desses que rodam o mundo em cima de uma bicicleta também pedalando forte para vencer a subida, o problema é que os dois estavam na mesma mão da via, ou seja, tinha tudo pra dar errado... E deu!

O encontro entre o Boca de Litro e o bicicleteiro não foi a coisa mais bonita de se ver, foi bicicleta para um lado, pedal pra outro, roda pra cima e condutores um pra cada lado se arrastando no asfalto. O rapaz levantou assustado e ao mesmo tempo bravo  se virou para o Boca de litro gritando:
-QUER ME MATAR? QUAL É A TUA BÊBADO?
O Boca de Litro ainda se recuperando do acidente em questão respondeu sem pensar:
-A minha é a verde do guidão azul.

Cláudio Albano