Como nós, os seres humanos, somos fantásticos!
Somos os únicos seres vivos que tem a certeza da morte, sabedores de que ela chegará em algum momento, mesmo assim lutamos, sempre, com unhas e dentes pela vida!
Soubemos de pessoas que ficam anos em estado de coma, ninguém pode disser o que irá acontecer, se vai ou não perder a vida. Deve ser uma batalha entre a vida e a morte, da qual, só uma sai vencedora, mas sempre com possibilidade de outro confronto!
Assim escreveu Rubem Alves em um texto para o Jornal Folha de São Paulo
Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.
Falar da Morte é falar da Vida. Muitos ficarão surpresos com isso, justo a morte, assunto tido como tenebroso, a maioria foge até de pronunciar o seu nome, quanto mais dissertar sobre ela.
Mero engano. É justamente se permitindo falar dela e sobre ela que aprendemos a plenitude do significado da Vida. Deveríamos, por ínfimos minutos diários, ter por hábito pensar em nossa FINITUDE.
Por quê?, porque, ao pensarmos que, um dia, nosso tempo de vida vai se extinguir, fechará em seu ciclo vital, natural a tudo que é vivo, iriamos repensar na vida que levamos.
Levamos uma vida ou é ela que nos leva. E se a levamos, como efetivamente fazemos isso?
Falar de morte é tão difícil, que esse texto ficou chato!
Entenda ou não... Essas são Crônicas de São Miguel
Cláudio Albano