O dia amanheceu chuvoso,
depois de uma noite de tempestades com ventos fortes, queda de árvores e galhos
na praça ao lado de sua casa. Não era uma casa grande ou luxuosa, mas era
aconchegante, quente no inferno e fresca no verão. Gostava de sentar na varanda
para ler um livro ou simplesmente apreciar a vista da cidade. Como a casa se
localizava em um bairro alto podia visualizar toda a cidade apenas com um giro
de cabeça.
Da Igreja Matriz até a saída para o balneário visualizava
o verde da arborização urbana, os telhados das casas baixas e os edifícios que
ao longo dos anos foram fazendo parte da paisagem que ele considerava parte de
si mesmo. A noite a iluminação tomava conta e até mesmo em tempos de chuvas e
tempestades como a da noite anterior, era possível imaginar as estrelas. A
cidade das noites estreladas e do mais lindo por do sol, assim a considera.
Naquela manhã pós apocalíptica de outubro, onde o caminho
para o trabalho estava uma mistura de concreto do asfalto com folhas de árvores e galhos nas calçadas, ele
andava devagar, pensativo em como buscar uma solução para uma guerra que travou
consigo mesmo. - Como me conhecer como sugeriu há tantos séculos o filosofo
Sócrates? -. "Nosce te ipsum". Conhece-te a ti mesmo. Mal sabia que a
partir daquela manhã de chuva começaria uma aventura que o marcaria e lhe
mudaria pelo resto de sua vida.
Naquela manhã ele começou travar a batalha da alma, a
batalha com o seu eu e com sua historia. Era hora de se conhecer, de se
libertar, de ser alguém melhor do que era, hora de ser ele mesmo, hora de
descobrir e de chorar os seus mais temidos medos e defeitos, hora de se alegrar
com sua caridade e bondade. Era o
momento de equilibrar. O mundo será outro quando a batalha terminar. Pelo menos
para ele será.
Nunca imaginou que na sua mente algo tão inquietante o
atormentava, ele queria respostas, mas para obter as respostas teria que ter as
perguntas certas e depois disso aceitar a resposta que lhe será dada, seja ela
dolorida ou suave. Precisava passar pelo momento em que o iluminaria para
conhecer e valorizar o milagre da vida nos seres mais insignificantes do
planeta.
VIDA, era isso que ele
procurava.
Como em um gráfico a Vida esta no topo e interliga logo abaixo,
a paz e a felicidade, que por sua vez, interligam com infinitas formas,
buscar a perfeição em todas essas formas era crucial para vencer a batalha. Mas
como?
Não, ele não sabia como, mas tinha a certeza que
descobriria, só não sabia que para isso sofreria tanto, choraria lágrimas de
sangue e se auto mutilaria em seus pensamentos.
A Batalha começou e ninguém poderá disser se chegara ao final vencedor
ou derrotado.
Cláudio Albano