Capas


sexta-feira, 31 de maio de 2013

O Pai nunca desiste do Filho

Havia um homem muito rico, possuía muitos bens, uma grande fazenda, muito gado e vários empregados. Tinha ele um único filho, que, ao contrário do pai, não gostava de trabalho nem de compromissos. O que ele mais gostava era de festas, estar com seus amigos e de ser bajulado por eles.

Seu pai sempre o advertia que seus amigos só estavam ao seu lado enquanto ele tivesse o que lhes oferecer, depois o abandonariam.
Os insistentes conselhos do pai lhe retiniam os ouvidos e logo se ausentava sem dar o mínimo de atenção.

Um dia o velho pai, já avançado na idade, disse aos seus empregados para construírem um pequeno celeiro e dentro do celeiro ele mesmo fez uma forca, e junto a ela, uma placa com os dizeres:
" Para você nunca mais desprezar as palavras de seu pai ".

Mais tarde chamou o filho, o levou até o celeiro e disse:
- Meu filho, eu já estou velho e quando eu partir, você tomará conta de tudo o que é meu, e sei qual será o seu futuro. Você vai deixar a fazenda nas mãos dos empregados e irá gastar todo dinheiro com seus amigos, irá vender os animais e os bens para se sustentar, e quando não tiver mais dinheiro, seus amigos vão se afastar. E quando você não tiver mais nada, vai se arrepender amargamente de não ter me dado ouvidos.

É por isso que eu construí esta forca; sim, ela é para você, e quero que me prometa que se acontecer o que eu disse, você se enforcará nela.
O jovem riu, achou absurdo, mas, para não contrariar o pai, prometeu e pensou que jamais isso pudesse ocorrer.

O tempo passou, o pai morreu e seu filho tomou conta de tudo, mas assim como se havia previsto, o jovem gastou tudo, vendeu os bens, perdeu os amigos e a própria dignidade. Desesperado e aflito, começou a refletir sobre a sua vida e viu que havia sido um tolo, lembrou-se do pai e começou a chorar e dizer:
- Ah, meu pai, se eu tivesse ouvido os teus conselhos, mas agora é tarde, é tarde demais. - Pesaroso, o jovem levantou os olhos e longe avistou o pequeno celeiro, era a única coisa que lhe restava.

A passos lentos se dirigiu ate lá e, entrando, viu a forca e a placa empoeirada e disse:
- Eu nunca segui as palavras do meu pai, não pude alegrá-lo quando estava vivo, mas pelo menos esta vez vou fazer a vontade dele, vou cumprir minha promessa, não me resta mais nada.
Então subiu nos degraus e colocou a corda no pescoço e disse:

- Ah! se eu tivesse uma nova chance ...

E pulou, sentiu por um instante a corda apertar sua garganta, mas o braço da forca era oco e quebrou-se facilmente, o rapaz caiu no chão, e sobre ele caíram jóias, esmeraldas, pérolas, diamantes. A forca estava cheia de pedras preciosas, e um bilhete que dizia:
- Essa é a sua nova chance.

Eu te amo muito.
Seu Pai

Autor desconhecido

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O Trevo

Olhou no relógio que fica acima do espelho do carro, 15:30. um bom horário para andar, a 277 não apresentava um volume alto de carros e o trafego estava fluindo normalmente. Ao seu lado a linda Susi cochilava cansada, olhou para o seu rosto, esse rosto, essa mulher, que tanto ama e que transformou sua vida. No banco de trás o pequeno Dani, sentado na cadeirinha com o cinto em volta do seu pequeno menino de apenas 5 anos de idade.


O passeio de férias até Foz do Iguaçu tinha sido maravilhoso, conheceram todos os pontos turísticos, mas as cataratas eram inesquecíveis. Todo o esplendor da natureza, um espetáculo que tanto ele, como sua amada Susi e o pequeno Dani jamais esqueceriam.

Passavam agora por uma pequena cidade. "110". A velocidade é boa, a via é dupla, olhou no espelho o pequeno Dani olhava pelo vidro, estava curioso e era aceitável, pois onde moravam jamais tinham vistos a mistura de plantação e cidade juntas. Ao olhar o trevo logo em frente percebeu que um carro se aproximava e provavelmente iria adentrar a BR ou usar o contorno, obviamente iria parar e esperar quem estava passando, no caso, ele e sua família.

Mas ele não esperou ou não percebeu...
Tentou o freio e escutou o grito horrorizado da esposa, não deu tempo. O choque foi ensurdecedor, o barulho de lata com lata era como um toque de trompetes, "os trompetes da morte".  Um voo pareceu acontecer e sentiu quando o teto do carro bateu contra o asfalto reproduzindo o repique de bateria de escola de samba. "Escola de samba! Só estou voltando pro meu Rio". A escuridão encontrou os seus olhos.

Abriu os olhos.
Olhou ao lado, um amontoado de lata e viu a mão de sua Susi mas não via o seu rosto, a dor era forte, se esforçou e olhou para o banco de trás  mas onde estava Dani? Só viu um clarão como se a porta estivesse aberta, a cadeirinha esta ali, mas onde está Dani? Percebeu alguém lhe colocando algo no pescoço e depois foi retirado do carro:
-Dani? Onde está meu filho? -Conseguiu disser com voz rouca e cansada.
-Seu filho está bem, confie em mim, ele sofreu apenas ferimentos leves -Escutou alguém disser.
-e Susi? minha linda Susi?
Não ouviu nada, apenas o silêncio e os seus olhos escureceram novamente!

Um clarão apareceu em sua frente. "Estou morto? onde é que estou?"
-Papai acordou! -Era a voz do pequeno Dani, e isso lhe fez sorrir internamente. Seu filho estava bem.
-Meu filho -conheceu a voz de sua Mãe -Graças a Deus!
-Onde está Susi? Eu preciso vê-la... Deus, onde está Susi?
-Mamãe está no céu Papai -Era Dani quem lhe dera a noticia!
-Não -O grito não foi forte, pois se sentia fraco, mas uma lágrima lhe caiu no rosto.
-Meu filho, que bom que você acordou -Disse sua Mãe -Fazem dois meses que você esta ai, quase perdemos as esperanças. Dani precisa de você, agora, mais que nunca. Aquele trevo tirou a vida da Susi, mas não conseguiu tirar a sua e a do seu filho!

Cláudio Albano

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Boca de Litro e a Bicicleta


11 horas da noite, o dono do bar cansado, louco pra fechar, foi tocando o pobre Boca de Litro pra fora.
-Vamos homem, já bebeu demais hoje. Amanhã você volta.
O Boca de litro sendo puxado pelo braço ainda tentou partir para o emocional do dono do estabelecimento para ver se tomava a saideira:
-O Zé, só mais uma, vai... E que meu amigo Chiquinho morreu!
-O Chiquinho... Aquele que bebia sempre aqui contigo? -disse assustado o comerciante.
-Ele mesmo. Morreu afogado.
-Afogado? Coitado! -se compadeceu o Zé.
Para manter o assunto e na tentativa de estica a noite o Boca de Litro emendou:
-Para o Senhor ver, passou a vida bebendo cachaça e morreu bebendo água.
Foi a última, o bolicheiro jogou o Boca de Litro pra fora do bar.

Sem o que fazer, com os bares ao lado todos fechados, o nosso herói pegou sua bicicleta para ir embora.
Não basta beber, tem que estar de bicicleta.
A pedalante do Boca de Litro era forte, dessas de marcha, subiu no meio de transporte, alinhou morro abaixo rumo a sua casa e pedalando forte se foi. Sabia que era perigoso pedalar na descida, mas para não cair ele tinha que pedalar muito. "A velocidade dá equilíbrio." pensava ele!

Pois bem, veja que de baixo pra cima vinha um ciclista desses que rodam o mundo em cima de uma bicicleta também pedalando forte para vencer a subida, o problema é que os dois estavam na mesma mão da via, ou seja, tinha tudo pra dar errado... E deu!

O encontro entre o Boca de Litro e o bicicleteiro não foi a coisa mais bonita de se ver, foi bicicleta para um lado, pedal pra outro, roda pra cima e condutores um pra cada lado se arrastando no asfalto. O rapaz levantou assustado e ao mesmo tempo bravo  se virou para o Boca de litro gritando:
-QUER ME MATAR? QUAL É A TUA BÊBADO?
O Boca de Litro ainda se recuperando do acidente em questão respondeu sem pensar:
-A minha é a verde do guidão azul.

Cláudio Albano