Capas


sexta-feira, 22 de março de 2013

Boca de litro e as fechaduras.


Eram onze horas da noite, ele caminhava pela calçada. "Mas que rua é esta?"
Tudo parecia desconhecido, o efeito da bebida deixava sua cabeça como um balão vazio, estava indo em sentido reto de um jeito curvo, não sabia direito onde estava, tudo era confuso e ao mesmo tempo calmo, tranquilo.
Lembrou que saiu de casa logo depois do almoço para ir ao centro resolver alguns negócios e depois se encontrou com os amigos no Bar do Pirulito. Beberam e conversaram muito, inclusive sobre as fechaduras.

"Até agora não entendi como conseguem fazer fechaduras diferentes uma das outras, que mistério é esse? Quem montou a formula para que uma chave não abra outra porta se não aquela para que estava destinada?"
A cabeça começou a doer, a sensação de estar perdido ia se tornando desespero. "Onde raios eu estou?" As fechaduras e cadeados voltavam aos seus pensamentos. "Como conseguem fabricar tantos cadeados sem que nenhum seja igual ao outro? Mas que diabos, que rua é essa? Vou pedir informação!"

Apertou a campainha de uma casa, viu a luz acender e passar pela janela. Um homem que aparentava uma certa idade abriu uma fresta, olhou de forma desconfiada pra fora, quando pareceu reconhecer a figura que tinha lhe acordado abriu totalmente a janela e percebeu que o infeliz no portão não estava muito bem equilibrado, pois se escorava no muro com a mão esquerda e tocava o chão com a direita. Sorriu mentalmente daquela situação.

-Diga homem, o que lhe traz aqui a essa hora?
O pobre coitado com a língua enrolada e muita dor de cabeça ("Deve ser por causa das fechaduras") abriu um sorriso que ficou só de um lado da boca:
-Por acaso... desculpe incomodar! Por acaso o Senhor não sabe onde mora o Chiquinho boca de litro?
O homem riu alto.
-Como assim? O Chiquinho é você!
Se equilibrando o boca de litro tentou se explicar:
-Eu sei que o Chiquinho sou eu, o que eu não sei mais é onde eu moro!

BEBA COM MODERAÇÃO

Cláudio Albano