Capas


segunda-feira, 25 de março de 2013

Só basta olhar para compreender


É Desumano, revoltante... Queria que alguém da rodovia estivesse lá para olhar. Só olhar...

Olhar nos olhos de uma Senhora que chorava de forma inconsolável por ver seus pertences, conseguidos com tanto esforço, nadarem por dentro de casa e se não fosse os vizinhos poderia ter sido pior.

Olhar um rapaz que está construindo uma vida ao lado de esposa e filhos, mostrando uma cozinha que ainda esta pagando as prestações, geladeira, fogão, armários, tudo totalmente destruído.

Olhar as crianças procurando os seus brinquedos em meio ao lodo e a sujeira!

Olhar os alimentos no chão de uma casa, onde o morador olhava sozinho e desolado para o arroz espalhado pelo chão.

Olhar o desespero e o desanimo nos olhos de cada um dos moradores, e ver esse desespero e desanimo virarem uma força capaz de recomeçar e conseguir tudo de novo até a próxima enchente.

Mas eles não foram lá para olhar, preferem olhar os caixas de suas cabines onde o dinheiro flui mais que essa água toda, sentados em suas poltronas confortáveis em um escritório seco e aconchegante.
"Querem fazer uma manifestação e parar a rodovia? pois que façam e nós mandamos o choque lá pra dar porrada e assegurar o direito de ir e vir. De ir e vir a nós essa grana toda!"

O Capitalismo é mesquinho, escroto e constrói monstros capazes de tudo para ter um pouco mais!

Cláudio Albano

sexta-feira, 22 de março de 2013

Boca de litro e as fechaduras.


Eram onze horas da noite, ele caminhava pela calçada. "Mas que rua é esta?"
Tudo parecia desconhecido, o efeito da bebida deixava sua cabeça como um balão vazio, estava indo em sentido reto de um jeito curvo, não sabia direito onde estava, tudo era confuso e ao mesmo tempo calmo, tranquilo.
Lembrou que saiu de casa logo depois do almoço para ir ao centro resolver alguns negócios e depois se encontrou com os amigos no Bar do Pirulito. Beberam e conversaram muito, inclusive sobre as fechaduras.

"Até agora não entendi como conseguem fazer fechaduras diferentes uma das outras, que mistério é esse? Quem montou a formula para que uma chave não abra outra porta se não aquela para que estava destinada?"
A cabeça começou a doer, a sensação de estar perdido ia se tornando desespero. "Onde raios eu estou?" As fechaduras e cadeados voltavam aos seus pensamentos. "Como conseguem fabricar tantos cadeados sem que nenhum seja igual ao outro? Mas que diabos, que rua é essa? Vou pedir informação!"

Apertou a campainha de uma casa, viu a luz acender e passar pela janela. Um homem que aparentava uma certa idade abriu uma fresta, olhou de forma desconfiada pra fora, quando pareceu reconhecer a figura que tinha lhe acordado abriu totalmente a janela e percebeu que o infeliz no portão não estava muito bem equilibrado, pois se escorava no muro com a mão esquerda e tocava o chão com a direita. Sorriu mentalmente daquela situação.

-Diga homem, o que lhe traz aqui a essa hora?
O pobre coitado com a língua enrolada e muita dor de cabeça ("Deve ser por causa das fechaduras") abriu um sorriso que ficou só de um lado da boca:
-Por acaso... desculpe incomodar! Por acaso o Senhor não sabe onde mora o Chiquinho boca de litro?
O homem riu alto.
-Como assim? O Chiquinho é você!
Se equilibrando o boca de litro tentou se explicar:
-Eu sei que o Chiquinho sou eu, o que eu não sei mais é onde eu moro!

BEBA COM MODERAÇÃO

Cláudio Albano

quarta-feira, 20 de março de 2013

Tempus Autumnus


Eu gosto do outono porque ele é frio suficiente para refrescar o calor...
E é quente o suficiente para aquecer o frio!

O outono é caracterizado por queda na temperatura, e pelo amarelar das folhas das árvores, que indica a passagem de estações (exceto nas regiões próximas ao equador).
O Outono do hemisfério norte é chamado de "Outono boreal", e o do hemisfério sul é chamado de "Outono austral".

o Tempus Autumnus (literalmente "tempo do ocaso"), é quando as temperaturas entram em declínio gradual  Como se estivéssemos sendo preparados, para sair do quente para o frio. Preparados para o inverno.

Estaria a humanidade vivendo o seu outono?

Já fomos mais quentes, mais aconchegantes, já fomos mais solidários, já fomos primavera. As nossas ações tinham a beleza das flores. Os nossos "bom dias" já foram mais sinceros e sempre encontrávamos tempo para apreciar o simples e sermos felizes com o pouco.

Já fomos mais humanos, mais soltos, já fomos Verão. Os nossos pensamentos brilhavam como o sol e irradiavam alegrias. Os nossos abraços eram calorosos como as tardes e aconchegantes como o nascer do sol das manhãs.

Somos Outono? Estamos nos preparando para sermos frios, as folhas do respeito e da bondade estão amarelando e caindo, como cai o amor pela vida, pela mensagem do criador. Estamos esquecendo que é na natureza, seja ela humana ou não que encontramos as respostas.

Seremos Inverno? Frios e mal encarados, mas até mesmo o mais rigoroso Inverno tem a sua beleza, assim como o dia mais bonito da Primavera tem seu lado sombrio.

Cláudio Albano


segunda-feira, 11 de março de 2013

O Poder acima do Poder!


Em uma cidade pequena, ao norte da Alemanha, no ano de 1962 a população estava preocupada com o número exagerado de crimes que estavam acontecendo. 

Reunidos em uma sala estavam as mais altas autoridades da pequena e antes pacata cidade, para a surpresa do superintendente de justiça recém nomeado, ali sentados, também marcaram presença os proprietários dos principais jornais e rádios. Todos conversavam em tom amigável com o representante do chefe de estado.

A reunião tinha como tema principal a diminuição da criminalidade, pois estava afetando diretamente a popularidade do mandatário maior. O superintendente havia chegado a menos de uma semana e ainda estava fazendo levantamentos sobre os casos, tentando se inteirar da situação, com pouco tempo ainda não tinha uma definição de qual caminho tomar. Havia pedido um prazo maior, mas achou conveniente comparecer a reunião para ter o maior número de informações possíveis!

-Senhores, estamos diante de um problema grave e o chefe quer uma solução imediata pois tal situação está pondo em cheque a sua gestão -Disse o chefe de estado em tom de preocupação.

O superintendente pensativo, notou os olhares voltados para ele!
-Ainda não tive tempo para fazer o levantamento da situação, como sabem, cheguei a pouco tempo e preciso identificar as áreas de maior risco e só assim estudar a melhor forma de agir, porém, uma coisa é certa, precisamos de investimentos para deixarmos nossa força policial a altura da criminalidade!

O chefe de estado com olhar conspiratório tinha certeza de que o superintendente não teve o tempo necessário! Ora, foi por isso que marcou a reunião apressadamente. Sorrindo para os empresários do ramo da informação falou entoando sabedoria e calma!
-Estamos cientes disso meu caro senhor, por isso, tomamos a liberdade de traçar um plano para que a situação seja estabilizada. A população está aterrorizada, o que é absolutamente compreensível quando vemos as noticias dos nossos jornais e rádios, que cumprem brilhantemente o seu papel, por isso a presença desses senhores aqui hoje. -Estendeu a mão apontando para os proprietários de rádios e jornais -Como sabemos que a policia está com dificuldades, para acabar com o problema, resolvemos: -Deu uma pausa -Os casos não serão mais divulgados pela imprensa, portanto quando menos o povo souber, menor será o pânico e assim podemos esperar o tempo necessário para a ação da justiça, em contra partida a esse ato de apoio da imprensa local vamos criar um repasse de verbas para jornais e rádios em forma de propaganda, tudo para garantir a subsistência de tais meios! -Olhando para o superintendente concluiu: -e diante de todos prometo estudar os investimentos na policia local.

Palmas ecoaram de todos os cantos da sala, menos do superintende!

Em um mês a população estava calma, sem noticias de prisões ou ações da policia, mas também sem noticias de crime algum. A vida voltou ao normal e a cidade estava novamente pacata aos olhos dos moradores. Não houve um plano de aparelhamento para a força policial, mas como tudo parecia normal, isso não foi necessário.

O superintendente entendeu que a mídia determina se uma cidade é ou não violenta!

Cláudio Albano
Obra de ficção

terça-feira, 5 de março de 2013

Ágape


Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
 
E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria.
O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.


Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.

Apóstolo Paulo