Meia noite e ainda não conseguirá pregar os olhos, algo a deixava inquieta, levantou da cama onde seu marido se encontrava em sono profundo, foi até o quarto da sua menina, estava dormindo como um anjo, sua pequena estava agora com 15 anos, estudiosa, carinhosa, bonita e acima de tudo, amava a família.
Foi ao quarto do filho, ele com 19 anos ainda não havia chegado, isso a preocupava. O seu filho também era carinhoso com ela, com o pai, amava a irmã e era incapaz de dizer não para eles, lembrou que concordou em ir para a reabilitação, para se livrar das drogas, por que isso foi um pedido da família. Nos últimos dias estavam preocupados novamente com ele. Havia um mês que deixará o centro de reabilitação, estava limpo como dizem por lá os recuperados, mas notaram uma recaída e perceberam que ele havia voltado para o mundo das drogas.
Ela sentou-se no sofá da sala, quem sabe ele está para chegar. Será que se drogou novamente? Não tinha essa resposta, embora o coração de mãe parecia saber que ele havia recaído. Pegou um livro para ler, apenas folhou sem conseguir distinguir o que estava escrito, o coração estava acelerando, ligou a tv, trocou de canais e nada afastava aquela angustia. Meu filho onde você está? Pensou em pegar o celular para ligar, mas não fez isso, sempre pregaram a liberdade dentro de casa e ela não queria parecer autoritária. Será que foi por isso que ele partiu para as drogas?
A campainha tocou. -Meu filho, esqueceu a sua chave? Não, ele sempre levava, quem será? O coração de mãe palpitou, levantou do sofá mas não conseguiu ir até a porta. A campainha tocou novamente, dessa vez dois toques seguidos e fortes, ela não conseguia se mexer. Seu marido acordou com o barulho, viu ela estagnada, em pé, sem se mexer, estranhou o olhar que ela lançou para ele e correu para a porta.
Ao abrir percebeu um homem de terno ao lado de dois policiais, ela também viu os homens mas ainda não conseguia se mexer, viu quando o marido caiu de joelhos e chorou, virou o rosto olhando para ela como quem dá a noticia em pensamento. Ela correu até a porta e se ajoelhou ao lado do marido que soluçando lhe deu conhecimento da fatalidade. Sua filha também acordou com toda a agitação e correu junto aos pais que choravam ajoelhados e abraçados junto a porta. Abraçou os dois: Sua Mãe chorando, lhe cortava o coração:
- Filha, minha filha, seu irmão foi assassinado pelas drogas!
Cláudio Albano
*desenho retirado da internet
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