
Quais seriam essas imagens? Ora, são as questões cotidianas que estão na base do nosso entendimento mais imediato da política, citadas já na parte 1 destas postagens. Mas, por que romper com elas? Por que evitar essas questões particulares ou específicas? Elas não são relevantes?
É claro que elas são muito importantes e devem ser profundamente discutidas e elucidadas, porém, num segundo momento, Se enfrentarmos essas questões, antes de tentarmos responder aquelas que as antecedem, elas não serão bem respondidas, além do que, poderão nos distanciar das questões fundamentais - a saber: O que é a política? Qual é a sua essência? Por que ela existe em todas as culturas e civilizações, ainda que de maneiras diferentes? Ética e política já estiveram juntas algum dia?
(Wolff, 2003, p. 27)
Ainda segundo Wolff (2003), a vida humana pode acontecer a partir das três possibilidades que se seguem:
a) Em comunidade, organizada pela existência de uma instância externa à sociedade (o estado, por exemplo), cuja função seria a efetivação e a manutenção da unidade da sociedade. A política, neste caso, seria coercitiva e o poder estaria localizado fora da sociedade, mas agindo sobre ela.
b) Isolada, como a maioria dos animais, talvez pequenos grupos ou famílias. Essa condição seria praticamente impossível.
c) Em comunidade, mas sem a necessidade da política. A vida transcorreria em harmonia, sem diferenças, sem conflitos, nem confrontos, sem a necessidade de leis ou limites.
Retornemos ás proposições de Wolff. A primeira é indesejável, afinal, quem gosta de viver sob coerção? A segunda possiblidade, que é a idéia de viver isoladamente, transita entre o romântico eo patético e é anacrônica. A terceira, que propõe a vida sem politica, é uma utopia sem sustentação material. Sendo assim, o que resta?
Sabemos que vivemos juntos, em sociedade, e não isoladamente. Sabemos que temos diferenças e que os confrontos e conflitos fazem parte da vida em sociedade. Sabemos que existem profundas contradições sociais. Portanto, seja através do ideal de autogoverno ou de uma instância externa à sociedade e, portanto, coercitiva (O Estado), a política é uma dimensão necessária e constitutiva da existência humana; assim, onde houver uma sociedade, haverá política.
Resta saber então: Que tipo de política temos? Que tipo de política queremos? Que política podemos construir?
Filosofia política do ensino médio
Claudio Albano
Filosofia política do ensino médio
Claudio Albano